“Mukanda Tiodora”: Novo quadrinho de Marcelo D’Salete está em pré-venda
Já está em pré-venda o novo quadrinho de Marcelo D’Salete, autor dos premiados “Angola Janga” e “Cumbe”. Publicado pela Editora Veneta, “Mukanda Tiodora” joga luz sobre a São Paulo da década de 1860. Época em que circulavam nos corredores da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco não apenas as ideias abolicionistas, mas também intelectuais negros como o Ferreira de Menezes e Luiz Gama, que ousava enfrentar o escravismo nos tribunais e também em publicações como o Diabo Coxo, que fundou com Angelo Agostini, pioneiro dos quadrinhos brasileiros.
Baseada em fatos reais, em uma edição que inclui textos das historiadoras Maria Cristina Cortez Wissenbach e Silvana Jeha, uma cronologia da luta abolicionista em São Paulo e, pela primeira vez, a reprodução integral das cartas de Tiodora, uma mulher escravizada que procurava, através da palavra escrita, alcançar sua alforria.
A obra retrata meados do século XIX, onde a população negra seguia construindo seus espaços na cidade de São Paulo. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos conseguira construir a Igreja do Rosário, e em torno dela promovia celebrações com grande presença africana.
A área de matas conhecida como Campos do Bexiga, em torno do córrego Saracura, um refúgio para fugitivos da escravidão, já se transformava em base de uma comunidade negra. Graças ao trabalho escravo, o café enriquecia a cidade, mas nas fazendas surgiam mais e mais quilombos, mais e mais rebeliões. Ainda que o poder estivesse totalmente nas mãos dos homens brancos (vários deles nem tão brancos assim), nas ruas milhares de pessoas negras – escravizadas ou livres – trabalhavam em diferentes ofícios.
Por: Francylene Silva
Fonte: Mais Qi Nerds