Nas bancas: Venom mensal – 1 a 3
Ah Venom… Quem diria que chegaria o dia em que me tornaria fã de um dos personagens mais farofas dos anos 1990? Sinto meu eu de uns dois anos atrás me julgando com a força de mil sóis, mas não me envergonho. Em vez disso, faço fanzine dedicados ao personagem, estou feliz com a camiseta de Venom que ganhei e agora faço resenhas de sua atual fase das HQs.
Antes de seguir para contextualizar melhor e entender alguns pontos, vamos conversar sobre dois eventos de 2018.
Primeiros deles foi a estreia de Venom, filme solo do nosso conhecido simbionte e vilão do Homem-Aranha e seu mais famoso hospedeiro, Eddie Brock. O longa estrelado por Tom Hardy (Mad Max: Estrada da Fúria, Lendas do Crime) e dirigido por Ruben Fleischer (Caça aos Gângsteres, Zumbilândia) foi a fraca tentativa da Sony de levar para as telas um personagem da Marvel sem precisar recorrer a intrincada cronologia das produções cinematográficas da Disney/Marvel.
Mesmo com todas as críticas negativas, o filme agradou o público, faturou bem na bilheteria e, olha só, caiu nas graças do fandom slash. Sabe, o fandom que curte material voltado ao relacionamento romântico ou sexual entre personagens do mesmo sexo ou gênero (definição retirada do site Fanlore)? E logo os fãs desenterraram todo o cenário apaixonado dos personagens das HQs e criou uma fanbase bem divertida.
O negócio foi tão longe que a própria Sony entrou na brincadeira e para promover o lançamento do filme para o mercado de vídeo/Blu-ray, produziu um trailer como se Venom fosse um filme de comédia romântica.
E como uma boa fangirl de slash que sou, acabei me juntando ao fandom de Symbrock (nome dado ao ship de Eddie e Venom) e fui tirar o atraso de mais de 20 anos de cronologia dos quadrinhos – com origem, brigas, evolução, conciliações, altos e (muitos) baixos.
Para meu deleite, após o filme, a editora Panini passou a publicar aqui os encadernados com a fase escrita pelo roteirista Mike Costa, que brincou bastante com o relacionamento amoroso entre Eddie e seu simbionte, chegando ao arco onde os dois tem um filho. Uau!
Vamos agora para o outro acontecimento de 2018: Marvel Fresh Start (Um Novo Começo, no Brasil), nova reformulação da linha editorial da Casa de Ideias. Na real, essa foi uma das notícias do mundo nerd que não dediquei nem um minuto de minha atenção no ano passado.
Não, sério, quantas dessas reformulações a Marvel teve nos últimos anos? Claro, o editor-chefe, C.B. Cebulski, era todo elogios sobre as novidades, contanto sobre as mudanças nos títulos, como todos estavam empolgados, que tudo seria diferente, com novas equipes criativas, nova numeração das revistas, indo audaciosamente onde nenhum homem jamais esteve e…
…e minha reação foi um simples “nhé”.
Então Venom foi um dos “agraciados” com nova equipe criativa nessa reformulação, surgiram as brigas no Twitter e me vi prestando atenção.
Mas estou me apressando.
A Verdade está lá fora
Um Novo Começo chegou ao Brasil pela já mencionada Panini a partir de março de 2019.
As revistas da linha vêm com nova numeração, média de 96 páginas, capa cartonada , além de incluir as capas alternativas na edição, como quarta capa e pôsteres. Não tem como negar, o negócio tá bonito de se ver.
A equipe criativa de Venom é encabeçada pelo roteirista Donny Cates que chegou ao título com uma excelente bagagem, graças a sua passagem nas HQs do Thanos e Doutor Estranho, e para fazer jus a ideia de “recomeço” da linha, o roteirista põem em cheque tudo o que se sabia sobre o simbionte de sua origem até suas intenções.
A arte ficou nas mãos de Ryan Stegman, que carregou num estilo sombrio, opressivo e cheio de sombras, auxiliado pela arte final de JP Mayer e as cores de Frank Martin. O Venom de Stegman é expressivo e muito mais que um sorrisão cheio de dentes nas noites escuras de Nova York.
No início da trama, Eddie e Venom não estão em seu melhor momento. O Simbionte está mais agressivo e provocando pesadelos com uma criatura estranha em seu hospedeiro, e Eddie precisa recorrer a medicação pesada para conciliar a luta contra criminosos e garantir sustento para eles.
Numa das noites onde o simbionte perde o controle e assume uma nova e bizarra forma, a dupla é detida por um veterano de guerra que se apresenta como Rex Strickland, que precisa da ajuda de Eddie e seu Outro eu para resgatar seus amigos de uma instalação da SHIELD.
Strickland e seus companheiros foram cobaias de um experimento da SHIELD e do governo, que fundiu soldados aos fragmentos de um enorme dragão simbionte que havia sido descoberto nas geleiras da Escandinávia. Quando Venom tenta salvar os colegas de Rex, o dragão desperta e taca o terror nas ruas da cidade e apenas com a ajuda de Miles Morales, o Homem-Aranha, que Eddie consegue deter a criatura. Todos salvos, sobem os créditos, certo?
Errr… Não.
Do corpo do dragão surge um novo ser que parece ter algum tipo de controle sobre o simbionte de Eddie. Ele é Knull, o Deus dos Simbiontes.
Apertem os cintos, chegamos ao terror cósmico!
No princípio, nas trevas antes da criação, existia Knull.
Quando os Celestiais deram início aos seus projetos, e a vida e luz surgiam no cosmo, Knull não gostou de ver seu abismo tocado e tratou de revidar. Claro, falhou, mas a tentativa é que conta. Mandado de volta ao Vácuo, o deus tratou de criar uma arma que pudesse erradicar toda a luz e assim surgiu o primeiro simbionte na forma da Necrolâmina (que os leitores conheceram no arco Thor: O Deus do Trovão).
Em sua cruzada contra a criação, Knull descobriu que poderia unir sua escuridão com outras criaturas e controlá-las a distância, como uma mente coletiva. Seu mais poderoso avatar era justamente o dragão simbionte, batizado pelos povos nórdicos da antiguidade como Grendel e, por uma dessas coincidências da Marvel, acabou topando com um jovem Thor que derrotou facilmente a criatura.
Com a queda de Grendel, Knull perdeu o controle de suas crias, que se uniram aos seus hospedeiros e descobriram que a vida podia ser bem mais que um enxame de um Deus maluco e trataram de prender o corpo de seu antigo criador no que se tornaria Klyntar, o planeta dos simbiontes.
De volta ao presente, com Grendel livre, Knull pode sair de seu planeta prisão e retomar seus planos de destruir toda a vida do universo, começando com nosso planetinha. Óbvio que Eddie e Venom não vão permitir isso e com a ajuda de Strickland, que tem mais alguns segredos na manga, farão tudo em seu alcance para impedir o Deus simbionte. Mas o preço da vitória pode ser alto demais…
Resultados até aqui
Cates inicia essa fase de Venom com planos ambiciosos, entrelaçando a origem do personagem a muitos elementos do universo Marvel, como os Celestiais e a Necrolâmina de Gorr.
Como efeito negativos, o grande número de referências a tantos elementos da editora me fazia parar a leitura com frequência para lembrar de onde raios veio esse ou aquele personagem. Felizmente a trama é envolvente o bastante para compensar esse problema, além de reunir boas cenas de ação e diálogos.
Para mim, que chegou a série logo depois de ler os arcos de Mike Costa, senti que faltou mais da interações que Venom e Eddie estavam tendo até então, mas segui confiante para as próximas edições e fui bem recompensada. Até surgir os problemas com Symbrock.
Mas isso fica para as futuras edições.
Por: Lily Carroll
Fonte: Impulso HQ