‘Confinada’, HQ que surgiu nas redes, escancara desigualdade na pandemia
A Editora Todavia lançou Confinada (formato 20 x 23 cm, 128 páginas, R$ 74,90), de Leandro Assis e Triscila Oliveira, depois de a obra se tornar a maior campanha de uma história em quadrinhos no Catarse até hoje. Foram 7.812 exemplares vendidos e R$ 611.445,00 arrecadados. E a cada dez livros comprados, dois serão destinados a bibliotecas comunitárias de todo o Brasil.
A série, que surgiu no Instagram, se tornou rapidamente um sucesso. Nela, Fran é uma influenciadora com milhões de seguidores. Sua vida diante da câmera é uma sucessão de frases de efeito, dicas de saúde e cenários paradisíacos. Para ela, a pandemia de Covid-19 é uma oportunidade de “fazer um balanço”, “buscar novos desafios” e “crescer”.
Das três trabalhadoras domésticas que são funcionárias de Fran, apenas Ju aceita passar a quarentena com ela — as outras são mandadas para casa com metade do salário. Em nome do sustento da família, Ju inicia uma dura convivência com Fran, que se revela mais alienada e cruel do que ela poderia supor.
A partir da postura crítica de Ju e de seu olhar incisivo para as desigualdades que compõem a sociedade brasileira, Confinada vai escancarar as bases dessa crueldade. Na relação entre Ju e Fran, revela-se a cada episódio o racismo e o ódio de classe, bem como os interesses econômicos que alimentam a injustiça e os privilégios da branquitude.
Combinando crítica social, humor e drama, e trazendo para o centro a vida real de milhões de pessoas, a HQ apresenta um retrato único da pandemia e do Brasil.
Segundo o editor André Conti, houve um apurado estudo da equipe da Todavia para adaptar o formato do Instagram (nove artes quadradas por capítulo) para o álbum. Além disso, haverá uma história inédita, feita exclusivamente para a publicação.
Por: Sidney Gusman
Fonte: Universo HQ