Mangás mostram consistência de vendas no Brasil

20 de setembro de 202422 de setembro de 2024 Edna Pessanha

Há anos o segmento se mostra como uma escolha segura para editoras, com repetidos títulos de uma mesma série nas listas de mais vendidos; entre os top 100 quadrinhos dos últimos 12 meses, 71% foram mangás

As constantes aparições de mangás na Lista de Mais Vendidos do PublishNews e em outros rankings colocam os gênero como um segmento bastante consistente dentro do mercado editorial nacional. Lançada no dia 13 de setembro, a Lista teve como destaque a série Jujutsu Kaisen, do autor Gege Akutami, publicados no Brasil pela Panini. Sete títulos da saga figuraram entre os mais vendidos nas livrarias brasileiras. “O mercado de mangás é um mercado editorial dentro do mercado editorial”, explica Guilherme Kroll, gerente editorial da Panini Comics, com 15 anos de experiência no setor.

O domínio da Panini se mantém presente em levantamentos mais recentes. A pedido do PublishNews, a BookInfo coletou dados de vendas de comics referentes ao intervalo entre julho de 2023 e julho de 2024 – mangás e quadrinhos estão juntos nessa categoria. Entre os 100 títulos mais vendidos do período, 71% deles são mangás – embora no top 10 os títulos da Turma da Mônica ainda sejam os destaques, com seis.

Entre as editoras, a Panini aparece com 72% do share no top 100, seguida por JBC (11%), Companhia das Letrinhas (5%), Seguinte (5%) e DarkSide (3%). A Pipoca e Nanquim também aparece com um título entre os 100 mais vendidos no período.

O gênero de mangás tem se consolidado entre as vendas do setor editorial há alguns anos. Em 2022, a JBC foi adquirida pela Companhia das Letras, um movimento que foi visto pelo mercado como indicação da estabilidade comercial de vendas do setor.

A paixão dos leitores é uma característica que as editoras destacam, e que impacta na forma como os mangás são consumidos. “Acredito que a diferença seja que os mangás tem uma rede de apoio multimidia maior, com desenhos animados (os animês), games e memorabília que ajudam bastante na divulgação e na criação de fãs. Juntando isso com os eventos e os cosplayers, cria-se sim uma comunidade ainda mais apaixonada pelos mangás do que das outras HQs em geral. E ainda o fato das séries de mangás sempre serem finitas também ajuda bastante em seu sucesso”, comenta Cassius Medauar, gerente editorial da Conrad.

O relatório Quadrinhopédia do Mercado Editorial Brasileiro de Quadrinhos, divulgado pelo pesquisador e quadrinista Lucio Luiz em 2023, teve como foco divulgar a produção impressa da nona arte no Brasil — por metodologia, a pesquisa não considerou títulos publicados de forma independente por autores. O levantamento demonstrou que 42,6% do total dos quadrinhos publicados no Brasil são da Mauricio de Sousa Produções (MSP), atualmente subsidiária da Panini.

Sucesso contínuo

O mês ou época do ano não costuma influenciar tanto no sucesso de venda dos títulos, mas as editoras confirmam que o principal fator que impacta no sucesso comercial está naquele mangá ser também bem-sucedido em outros formatos, como desenhos e bonecos.

Guilherme Kroll afirma que, para os mangás, há uma constante redescoberta da obra, o que aumenta o engajamento do público. “Os títulos que tem algum desenho animado de sucesso que seja derivado, os populares animes, sempre têm mais atenção do público. Então, quando temos novas temporadas, novas adaptações, sempre são momentos de redescoberta de títulos”.

O sucesso nos outros países – e especialmente no Japão, de onde sai a maior parte da produção – também serve como guia para o sucesso às editoras brasileiras. “A combinação de variedade de temas e seleção cuidadosa faz com que os mangás formem um segmento com muita força no mercado”, avalia Kroll. Para o editor, o grande leque de temas dos mangás amplifica seu público.

Top 10 mais vendidos nas livrarias (julho/23 – julho/24):

Os números divulgados demonstram que os quadrinhos da Turma da Mônica representam seis entre os dez títulos mais vendidos. Confira os dez primeiros: