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“A Filha do Homem” da Editora Mino, é uma leitura instigante

“A Filha do Homem” de Alcimar Frazão, João Azeitona e Paulo Santos, publicada recentemente pela Editora Mino, é considerada uma leitura no mínimo instigante.
Pela capa, logo de cara, você encara que está diante de uma HQ de terror aos moldes de “O Exorcismo”, mas a narrativa se transforma e naturalmente se direciona a uma crítica à violência sofrida pelas mulheres. E essa mudança de rumo eu achei sensacional.
Basicamente aqui a gente acompanha um pastor atormentado pela perda da esposa e filha. Seu rebanho se encontra sem um guia e os seus conselheiros estão tentando manter as atividades do templo.
Aos poucos, descobrimos detalhes do passado e as intenções de cada personagem. Em flashbacks/delírios do pastor conhecemos sua filha, que dá para assumir que ela tinha o dom da cura e uma peculiaridade física.
Seus conselheiros enxergam a igreja como empresa, e como qualquer negócio, o objetivo é dar lucro, e aqui coube até uma crítica a fartura e suas interpretações, afinal, Deus quer fatura no bolso de quem? Em paralelo, acompanhamos a presença de um ser que atormenta o pastor.
Claro que nada disso é em vão, e a cada página é revelado os muitos defeitos do pastor e como ele não conseguiu conviver consigo próprio sendo colocado em segundo plano. Digo mais: a impressão que dá é que toda essa sensação de impotência foi agravada principalmente pelo fato de o protagonismo ser de uma mulher!
Então sim, “A Filha do Homem” consegue falar da opressão religiosa, principalmente sobre as mulheres, e como uma mulher se sobressair pode ser considerado um pecado, mesmo ela tendo uma dádiva.
A habilidade dos autores em costurar muito bem esses elementos para no final nos trazer a revelação do clímax é maravilhosa. Tudo isso com desenhos bem executados com traços diferentes para ressaltar os momentos de maior tensão e uma diagramação que resulta em uma composição de página extremamente bonita.
A Mino é uma editora que há algum tempo aposta bastante no cenário nacional de quadrinhos e com “A filha do Homem” ela prova que está mais do que certa em fazer isso!
Por: Renato Lebeau
Fonte: Impulso HQ
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