‘Boa Sorte’: HQ inspira ao debater descoberta, aceitação da sexualidade e enfrentamento do luto
Aos 30 anos, a ilustradora e quadrinista Helena Cunha buscou na própria história parte da inspiração para criar “Boa Sorte”, sua primeira HQ. Apesar de se tratar de uma obra de ficção, a artista, lésbica assumida desde a adolescência, criou a história de Julieta, personagem central do livro, com base em lembranças e sentimentos pessoais que ela mesma viveu quando nessa fase. A obra fala sobre descoberta da sexualidade, autoaceitação e enfrentamento do luto, temas que têm chamado atenção principalmente por parte do público LBGTQIA+ no Instagram da autora, onde ela publica diariamente trechos da história.
Julieta é uma adolescente que vive um processo de descoberta de sua própria sexualidade, enquanto passa por um momento extremamente difícil após sua irmã mais velha, Laura, cometer suicídio. A partir daí, ela passa a viver em outra cidade com a avó que mal conhece e com quem pouco havia convivido ao longo da vida. Um cenário bastante hostil para atravessar em meio a uma época de tantas incertezas quanto a adolescência.
“‘Boa Sorte’ é uma história sobre procurar o seu espaço no mundo quando você parece não se encaixar em lugar nenhum e sobre encontrar coragem para ser o que se é”, conta Helena.
O projeto inicial era publicar o livro no começo do ano e divulgá-lo em eventos específicos. Como qualquer plano em 2020, ele foi parcialmente frustrado pela pandemia do coronavírus. Mesmo assim, Helena não desanimou e passou a publicar as páginas de “Boa Sorte” em sua conta no Instagram. A ideia despretensiosa mostrou que, às vezes, tudo dá certo mesmo quando dá errado: de lá para cá, ela passou de 300 seguidores para 14 mil.
“Algumas páginas de quadrinhos e conteúdo LGBT me encontraram através das hashtags e compartilharam o meu perfil. Desde então o crescimento foi muito além do que eu poderia imaginar. As pessoas leem, se identificam com a história e compartilham com os amigos. Algumas me mandam mensagens de apoio, contam as próprias experiências e fazem desenhos inspirados nos personagens. Tem sido muito gratificante”, comemora.
Para quem se interessar pelo livro, Helena preparou uma surpresa que, é claro, deve ser guardada até o final: a versão impressa vem com uma arte guardada em um envelope lacrado que o leitor só pode abrir quando acabar a HQ. Segundo a autora, ela responde uma pergunta que muitas pessoas se fazem quando encerram a leitura.
Da Redação
Fonte: Hypeness